Museu da Ci�ncia - Universidade de Coimbra
OBJETO DO MÊS

1 a 31 de Agosto, 2022

Um Bastão de Autoridade

O ARTEFACTO

Distintivo da Autoridade, este bastão ou bengala terá pertencido ao Cacique Tachui, batizado Manuel Cepeda, alcaide dos índios na Vila de Baba (1807-1818), tendo-o herdado de seu pai “Tachui o velho”. Depois da independência do Equador da Metrópole, desempenhou o cargo de Chefe Tenente Paroquial de Vincas, Província dos Rios.

Feito a partir de um dente de narval, espiralado, sem polimento, adelgaçando para a ponta, em forma de bico, apresenta o punho em formato de coroa, cinta (usada para suster as borlas envergadas pelas Autoridades) e ponteira finamente cinzeladas em prata por ourives indígenas, não sendo, no entanto, originais, pois aquando da instauração do Regime Republicano no Equador, tratou-se de inovar tudo o que era antigo, pelo que, posteriormente ao ano de 1820, estes adereços foram colocados na peça.

Dado como pagamento em 1846 a um comerciante de Guayaquil (Equador) por uma soma de $80 (oitenta pesos), um dos seus parentes conservou-o até ao momento em que foi adquirido por Dimas Felgueira, à época vice-cônsul de Portugal em Iquique (Chile).

A sua incorporação no então Museu Antropológico da Universidade de Coimbra (MAUC) é acompanhada de uma carta redigida pelo seu doador, o próprio Dimas Felgueiras, e permite contextualizar o percurso histórico percorrido desde 1807 até 5 de junho de 1889, data em que o objeto é ofertado à Universidade de Lisboa. Desconhecemos a razão pela qual terá vindo para Coimbra, integrado num conjunto de espécimes museológicos que Dimas Felgueira terá coletado enquanto exerceu funções diplomáticas na América Latina.


QUEM SÃO OS NARVAIS?


São mamíferos marinhos da ordem dos cetáceos, família Monodontidae, espécie Monodon monoceros, o narval foi conhecido na Idade Média como o lendário “licorne ou unicórnio dos mares”. Habita na área circumpolar ártica atingindo em adulto um tamanho entre os 4 e 6 metros, destacando-se pelo seu dente longo e espiralado, utilizado no combate e domínio pelas fêmeas e como ostentação visual de força.

Ao longo dos tempos o narval foi caçado devido à beleza do seu dente, pensando-se mesmo que este possuía qualidades mágicas e poderes medicinais. O dente de narval foi, ainda, utilizado no fabrico de objetos ligados ao pode real e ao culto sagrado.

Capturado e consumido pelos Esquimós que, apesar do inegável valor comercial do dente em marfim, apreciam sobretudo a carne, a gordura e a pele desta espécie, não atribuindo qualquer virtude curativa ou mítica à sua presa. Contrariamente aos Esquimós os povos escandinavos não consumiam a carne de narval por esta transmitir doenças mortais ao homem (Speculum regale). Com efeito, pensavam que este cetáceo se alimentava de carne em putrefacão: a palavra narwhal em escandinavo antigo significava “baleia devoradora de cadáveres”. Caçavam o narval apenas pela sua defesa que comercializavam fazendo-a passar como corno de unicórnio.


Bastão
Nº Inv.: ANT.90.10.18

 

Mais informações

Este objeto encontra-se em exibição no Gabinete de Curiosidades.


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