A câmara clara ou câmara lúcida é uma aplicação das propriedades do prisma e do fenómeno de reflexão total e permite desenhar objectos seguindo o contorno da sua imagem, dada por um prisma, sobre papel e de grande utilidade nomeadamente para desenhar as observações feitas com o microscópio. Este tipo de instrumento foi concebido em 1804 pelo fisiologista, químico e físico inglês William Hyde Wollaston (1766-1828), que a patenteou em 1806. O instrumento sofreu depois várias modificações nomeadamente as introduzidas por Giovan Battista Amici (1786-1863) em 1819, que lhe deu uma disposição mais cómoda.

A presente câmara está guardada numa caixa de madeira; no interior da tampa está escrito L´ Ingr. Chevallier, Opticien du Roi et des Princes, Tour de l´Horloge du Palais, vis-à-vis le Marché aux Fleurs à Paris. O aparelho consta essencialmente de um prisma isósceles cuja face maior está inclinada sobre um espelho de vidro transparente. Um ou os dois vidros azuis móveis, podem ser colocados entre o alvo e o olho e destinam-se a enfraquecer a luz, quando o objecto ou a imagem são muito brilhantes. As lentes destinam-se a corrigir a divergência dos feixes quando o objecto e a imagem (o papel) estão a distâncias diferentes. Pode ser adaptada a um microscópio para facilitar o desenho dos objectos observados. O aparelho foi adquirido em 1840 a Chevallier pelo Doutor Luis Ferreira Pimentel, à data Director do Gabinete de Física, através de J.Orcel. L.F.Pimentel inventariou-a com a indicação X.III.4; teria pois uma etiqueta que a peça já não conserva.

Tal como a câmara escura, este é também um instrumento que foi utilizado por artistas e desenhadores paisagistas, naturalistas, fisiologistas, para obter imagens fiéis de paisagens, objectos ou pessoas, desenhando-as com a ponta de um lápis seguindo os contornos da imagem. Ao contrário da câmara escura as imagens não necessitam de um espaço escuro para serem visualizadas.

Câmara lúcida de Amici
L' Ingr. Chevallier, Paris
1840
FIS.0481