A Queima das Fitas de 1926 – in illo tempore, in tempore
No último mês do ano letivo 2022/2023, assinalamos a época de entrada de férias com a gravura comemorativa da Queima das Fitas de 27 de maio de 1926. Obra executada por Diogo Francisco de Almeida de Azevedo e Vasconcelos, estudante de Direito e exímio desenhador, o 3º Marquês de Reriz deixou-nos uma peça notável que documenta o espírito académico e o contexto social da época, sob a influência artística europeia da Arte Nova.
Nesta peça podemos observar várias personagens da vida coimbrã, como elementos da guarda, tricanas, estudantes ou senhoras da alta sociedade, bem como a Universidade e a sua Torre. Ao centro vemos um conjunto de estudantes a formar uma torre humana que nos poderá remeter para a Borla Doutoral, ladeada por dois choupos cuja folhagem é transferida para as fitas académicas. A peça permite-nos, ainda, observar a arquitetura e o urbanismo da antiga Alta abrindo a possibilidade à imaginação do/a contemplador/a. No centro inferior, identificamos um tenente militar, que poderá aludir ao episódio do Roubo do Boné, a 27 de maio de 1913. Durante muitos anos o dia 27 de maio marcou a festa do cortejo da Queima das Fitas.
Esta ilustração dirige-nos para um ambiente de festa onde a capa e a batina, as pastas e as fitas são marcantes, e embora a participação masculina impere – como era próprio do tempo histórico – a ambiência é claramente convidativa à celebração, à alegria e à confraternização geral.