FRUTA QUE É PÃO E A MAIOR DO MUNDO
Um frasco de vidro cilíndrico com rolha esmerilada contém, em meio líquido, o fruto e folhas de fruta-pão, também conhecida por jaca. O nome científico Artocarpus incisus (Thunb.) L. f. foi o primeiro nome, publicado em 1782, e é sinónimo de Artocarpus altilis (Parkinson) Fosberg, nome atualizado e publicado em 1941.
Pertencente à família Moraceae, Artocarpus altilis é uma árvore que cresce principalmente no bioma tropical húmido, e a espécie tem uma área de distribuição nativa no NW Pacífico, região do Sudeste Asiático e das ilhas do Pacífico.
A fruta-pão desempenha um papel importante como alimento nessas regiões, especialmente em áreas onde a agricultura é limitada. De sabor semelhante ao da batata ou inhame, e adocicado, quando madura, a fruta-pão é rica em hidratos de carbono, amido, fibras, vitaminas e minerais. Quando está moderadamente maduro e cozido, é semelhante ao pão fresco, de onde deriva o nome comum, fruta-pão, também pela textura.
O fruto é múltiplo, ou seja, é composto: uma infrutescência, do tipo sincarpo (carpelos unidos), formado por um conjunto de bagas (fruto carnudo e polispérmico), que se desenvolvem à volta do recetáculo.
Além de alimento, tem outros usos, como medicamento e combustível, e é um cultivar (planta que foi deliberadamente alterada ou selecionada pelo homem), cultivada em várias regiões tropicais do mundo, América Central e Caribe, África e partes da Ásia. Foi domesticada ao longo de milénios na bacia do Pacífico, onde se reconhecem atualmente cerca de 130 cultivares.
Os cultivares têm valor comercial na horticultura, agricultura ou silvicultura e surgem pela seleção de variantes selvagens ou de cultivo, programas de melhoramento e seleção de plantas, plantas geneticamente modificadas e enxertos-quimeras. Podem ser designados seguindo o método tradicional de denominação científica (Código Internacional de Nomenclatura para algas, fungos e plantas), ou de acordo com os princípios, regras e recomendações do Código Internacional de Nomenclatura para Plantas Cultivadas (ICNCP), o mais comum.
Este objeto (nº de inventário BOT.00453.3), integrado no Museu pelo Professor Doutor Júlio Henriques, ilustre Botânico da Universidade, encontra-se em exposição no Gabinete de Curiosidades e relaciona-se com outro, uma xiloteca (nº de inventário BOT.02139), da mesma época e igualmente exposta no Gabinete de Curiosidades.
A amostra nº 13 dessa xiloteca, uma coleção histórica de madeiras, com 18 secções de diferentes espécies arbóreas de São Tomé e Príncipe, é também do género Artocarpus, mas de outra espécie (Artocarpus integrifolia Linn. f. C.P. Khare, atualmente A. heterophyllus Lam.). Reconhecida como madeira de qualidade e valor económico, o fruto é também consumido como alimento, e designado por jaca. Nativa do subcontinente indiano é cultivada no Sudeste Asiático, América Central e América do Sul, e Caribe. Pode atingir 30 quilos e 40 centímetros de comprimento e é apreciada pela suculência, aroma e sabor doce, a abacaxi, manga e banana. A polpa é rica em açúcares naturais, fibras e antioxidantes, vitaminas e minerais.
Apesar de pertencerem à mesma família botânica (Moraceae), apreciadas pelo sabor, valor nutricional e versatilidade na culinária, e reconhecidas por serem árvores com o maior fruto comestível do mundo, na verdade são duas frutas tropicais: a fruta-pão (Artocarpus altilis) e a jaca (Artocarpus heterophyllus).