100 Quilómetros de fio de cobre
Uma bobina de indução compõe-se essencialmente de duas bobinas com o mesmo eixo, cujos enrolamentos, convenientemente isolados, têm comprimentos e secções diferentes. Este aparelho não só permite transformar uma corrente contínua numa corrente alternada, como transforma uma corrente de intensidade elevada e força electromotriz baixa, numa corrente de pequena intensidade e força electromotriz elevada. O primeiro instrumento deste tipo foi construído por Heinrich Daniel Ruhmkorff (1803-1877) em 1851, razão pela qual também é denominado como “Bobine de Ruhmkorff”. Pelo seu trabalho no desenvolvimento da bobine de indução Ruhmkorff recebeu em 1864 um prémio de 50 mil francos.
Foi com esta bobine que Henrique Teixeira de Bastos fez em 1896 as primeiras radiografias em Portugal, cerca de um mês após o anúncio da descoberta de Röntgen. Segundo um texto de Teixeira de Bastos, “Nas experiências realizadas no gabinete de physica da Universidade, uma grande bobina de Ruhmkorff era excitada por seis elementos Bunsen, e a descarga era recebida num tubo de Crookes. A uns dez centímetros do tubo, envolvida em papel preto, colocava-se a placa fotográfica (Schleussner), normalmente aos raios catódicos. Sobre a placa assentava o objecto da experiência. Obtiveram-se bons resultados, com exposições não inferiores a vinte minutos, nas radiografias de uma chave e de um dedo cortado do cadáver (o primeiro ensaio feito), de uma mão viva, de uma caixa de pesos, de uma sardinha.”
Esta bobine possui fio de cobre enrolado com cerca de 100 quilómetros de comprimento e é capaz de produzir faíscas de 50 centímetros!