Rolieiro, o acrobata dos ares
Este mês, celebramos a chegada da Primavera e o Dia Internacional da Felicidade (20 de março) com uma das mais belas e coloridas aves de nossa avifauna: o Rolieiro, também conhecido como Rolieiro-europeu, pertencente à espécie de nome científico Coracias garrulus Linnaeus, 1758.
A sua coloração azul-turquesa ou azul-esverdeada da cabeça, peito e ventre remete-nos para outras datas comemorativas, como o dia Mundial da Árvore e dia Internacional das Florestas (21 de março) e o dia Mundial da Água (22 de março), contrastando com as cores quentes castanho-avermelhado ou castanho-alaranjado do seu dorso, que nos fazem sonhar com os fins de tarde quentes do Verão.
Esta ave é migratória, nidificando no Verão em Portugal e em outras regiões do Sul da Europa e Norte de África, passando o Inverno em regiões mais quentes. Isso significa que todos os anos ela voa cerca de 6000 km desde o sul de África até à Europa para construir seus ninhos e se reproduzir.
O Rolieiro prefere áreas planas e abertas, como terrenos de agricultura extensiva, pousios, zonas incultas com matagais esparsos, pastagens com árvores dispersas, pequenos bosquetes de carvalho-negral, montados de sobro e azinho. Utiliza como ninho tanto buracos antigos de pica-pau como cavidades em árvores antigas, postes de madeira e até edifícios antigos.
Do alto de poleiros em árvores, postes e fios elétricos, esta ave insectívora procura seu alimento em campos com vegetação rasteira, alimentando-se principalmente de grandes insetos artrópodes, como gafanhotos, escaravelhos e escorpiões, mas também podendo alimentar-se de pequenos vertebrados.
Há uma diminuição das populações de Rolieiro que nidificam no nosso território, sendo a espécie cada vez mais rara e ameaçada em Portugal, tendo o estatuto de conservação de Criticamente em Perigo (CR). As principais ameaças que esta espécie enfrenta são a perda e fragmentação do seu habitat, devido a alteração das práticas agrícolas, como o aumento da agricultura intensiva, a supressão da rotatividade das culturas e o aumento de uso de pesticidas. O núcleo populacional mais importante encontra-se atualmente nas planícies de Castro Verde onde têm vindo a ser desenvolvidos alguns projetos de conservação, dando prioridade à preservação dos habitats de alimentação e de nidificação, promovendo a agricultura biológica, incentivando a manutenção das áreas agrícolas extensivas de sequeiro e alertando para a importância da preservação de algumas construções humanas em ruínas que favorecem a nidificação, assim como a colocação de ninhos artificiais em locais onde não existam cavidades naturais.
Este exemplar, com número de inventário ZOO.0002959, faz parte da Coleção Antiga do Museu não possuindo mais informações associadas. No Museu da Ciência existem mais cinco exemplares desta espécie coletados entre os meses de maio e setembro, entre os anos de 1883 e 1907, nas seguintes localidades: Penamacor, São Romão (Seia), Campo Maior, Coimbra e Coruche.
Rolieiro
Coracias garrulus Linnaeus, 1758
ZOO.0002959