Museu da Ci�ncia - Universidade de Coimbra

Descrição

As colecções científicas da Universidade de Coimbra compreendem cerca de 650.000 objectos distribuídos por quatro categorias principais - História Natural, Etnografia, Instrumentos Científicos, Modelos - e ainda mais de duas mil obras em papel que incluem livro antigo, cartografia, painéis pedagógicos e arquivos. Cerca de 80% destes objectos são exemplares de História Natural das áreas da Zoologia, Geologia, Botânica e Antropologia.
Já a colecção académica da Universidade de Coimbra integra testemunhos históricos ligados à vida académica da UC.

Espólio Académico
O primeiro núcleo museológico dedicado à vida académica na UC foi criado em 1951. Hoje em dia encontra-se no Colégio de S. Jerónimo, integrando testemunhos históricos ligados à vida académica, à Universidade e à cidade de Coimbra, entre os quais se destaca o Núcleo da Canção de Coimbra com instrumentos, discos, gravações, partituras, o Núcleo dos Troféus Desportivos da Associação Académica de Coimbra e o Núcleo Camoniano, entre outros.



Antropologia

A colecção antropológica é um acervo de cerca de quatorze mil objectos de grande valor constituído por colecções etnográficas e de osteologia humana que tem como núcleo inicial a colecção recolhida na Viagem Philosophica à Amazónia por Alexandre Rodrigues Ferreira, no séc. XVIII. As colecções etnográficas, recolhidas na sua maioria durante o séc. XIX, representam Portugal e os países de expressão portuguesa: Brasil, Angola, Moçambique, S. Tomé, Guiné, Macau, Timor e Goa entre outros. Salientam-se as colecções de Angola e Moçambique recolhidas segundo critérios científicos a partir da década de 50 do séc. XX. O espólio de osteologia humana constitui uma colecção de estudo de irrefutável valor científico muito solicitada por especialistas. Inclui um conjunto de meio milhar de esqueletos completos e cerca de dois milhares de crânios, exemplares com documentação sobre a origem e as características de cada indivíduo. Existe também uma colecção notável de modelos de frenologia.

Astronomia

O núcleo mais antigo da colecção de astronomia deriva da actividade científica do Observatório Astronómico, situado no Paço das Escolas desde 1799, que incidia no estudo da astronomia e da matemática para a geografia e a navegação. O Observatório foi transferido para Santa Clara em 1951 na sequência das obras do Estado Novo perdendo-se parte da memória histórica com a demolição do edifício. A actual colecção é constituída por cerca de mil objectos que incluem mais de 200 instrumentos de observação na sua maioria de média e grande dimensão, complementados por um conjunto de acessórios e ferramentas. A actividade regular, iniciada em 1926, de recolha de imagens do sol através de um espectroheliógrafo originando um arquivo de mais de 30.0000 espectros solares, uma parte disponível na Internet. Existe ainda uma colecção de desenhos, mapas e cartas celestes assim como um núcleo de livro antigo.

Observatório Astronómico FCTUC

Botânica

O espólio de botânica é composto por uma colecção de mais de três mil exemplares de frutos, sementes e ramos conservados em seco ou em líquido e uma série de produtos vegetais como resinas, gomas, fibras, cascas e madeiras do Brasil e países africanos de expressão portuguesa. Existe uma importante colecção de cerca de quatro centenas de modelos de flores e frutos, em cera e papier-maché, de finais do séc. XIX das famosas casas produtoras de modelos na Europa: Ziegler, Brandel, Vasseur e Auzoux. O acervo de espécimes vegetais é complementado por uma valiosa colecção de fósseis de plantas, de instrumentos como microscópios e lupas, e ainda uma série de artefactos produzidos com materiais vegetais. Esta colecção não inclui o Herbário da Universidade.

Na Biblioteca Digital de Botânica poderá encontrar inúmeros livros e documentos relacionados com esta colecção.

Farmácia

A tradição do ensino da farmácia na Universidade de Coimbra remonta aos finais do século XVI. Com a reforma pombalina da Universidade (1772) o ensino passou pela primeira vez a ser feito entre os muros da Universidade, no Dispensatório Farmacêutico. Em 1836 foi fundada a Escola de Farmácia na sequência de alterações do curso pombalino. Em 1902 o curso foi considerado superior e em 1911 a Escola passou a ser autónoma relativamente à Faculdade de Medicina. Ocupou a Casa dos Melos, que ainda é o edifício central da Faculdade de Farmácia (repartida por diversos pólos), tendo sido restaurada para o ensino farmacêutico. Em 1921 a Escola passou à condição de Faculdade e em 1932 passou novamente à condição de Escola, sendo depois restaurada em 1968. Cerca de 50 anos depois a contigua Casa dos Contadores passou também a albergar as instalações do ensino farmacêutico. As novas instalações da Faculdade de Farmácia, no Pólo das Ciências da Saúde (III) estarão concluídas em 2008 e a sua colecção de instrumentos científicos, a maioria do séc. XX, encontrava-se nos laboratórios dos departamentos de Bioquímica, Bromatologia, Farmacognosia, Farmacologia, Métodos Instrumentais de Análise, Microbiologia e Química Farmacêutica, mas sobretudo no Laboratório de Galénica e Tecnologia Farmacêutica. Esta colecção, em fase de inventariação, estima-se em cerca de um milhar de objectos e instrumentos científicos sendo alguns equipamentos de grande dimensão como estufas, autoclaves e máquinas de fabrico de comprimidos.

Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra

Física

A colecção de instrumentos científicos e didácticos de física da Universidade de Coimbra é, sem dúvida, uma das mais notáveis e raras da Europa. Com origem no Colégio dos Nobres em Lisboa foi trazida para Coimbra para fundar o Gabinete de Física anexo à cadeira de Física Experimental, criada na Universidade pelos Estatutos Pombalinos de 1772. A ele se juntaram, ao longo de mais de dois séculos, novas máquinas, aparelhos e instrumentos que o foram completando e enriquecendo, acompanhando assim o desenvolvimento da física experimental ocorrido, em particular, durante o século XIX. O que resta do Gabinete de Física do século XVIII são hoje verdadeiras obras de arte, valorizadas pela riqueza dos materiais e perfeição na execução, que ainda ocupam as salas e o mobiliário originais transportando-nos ao verdadeiro espírito do iluminismo em Portugal. A colecção conta com mais de três mil objectos de que fazem parte cerca de meio milhar de livros antigos.

Medicina

O curso de Medicina remonta à origem da fundação da Universidade em Portugal. Tendo passado por diferentes edifícios ao longo da sua história, a Faculdade encontra-se em mudança das instalações do Estado Novo já com 50 anos, para o Polo III junto ao complexo hospitalar universitário de 1987. A colecção médica tem como núcleo organizado o acervo de anatomia patológica criado em 1865 que inclui mais de mil espécimes de lesões em patologia humana e animal conservados a seco e em meio líquido e duas centenas de modelos de patologia humana em cera e materiais diversos, assim como equipamento usado nesta disciplina. Está em curso o estudo e inventariação das colecções de outros departamentos que incluem, Anatomia normal, Bacteriologia, Biologia médica, Farmacologia, Fisiologia, Higiene, Histologia, Medicina Legal, Oftalmologia, Terapêutica, entre outros. Estima-se que a colecção médica no seu conjunto atinja mais de cinco milhares de peças, e inclui para além dos espécimes anatómicos como esqueletos e modelos humanos de autoria de artistas franceses (Auzoux, Tramond, Vasseur e Bareta), um herbário de plantas medicinais, preparações histológicas, equipamento diversificado e instrumentos científicos do fim do séc. XIX e séc. XX, e algum mobiliário histórico. Esta colecção tem um potencial de crescimento elevado contando com instrumentos e objectos que foram ficando obsoletos nos Hospitais de Universidade de Coimbra.

Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra

Mineralogia e Geologia

As colecções de mineralogia, geologia e paleontologia estimam-se em mais de vinte mil exemplares com origem nas colecções criadas no fim do séc. XVIII, resultado de recolhas em Portugal e países de expressão portuguesa. O acervo mineralógico constitui uma importante colecção de minerais portugueses e estrangeiros com cerca de cinco mil espécimes organizado de acordo com as classificações de Strunz e Dana, assim como um conjunto de modelos cristalográficos. As colecções de rochas de Portugal e estrangeiras contêm mais de seis mil amostras, na sua maioria instaladas na galeria da Sala Carlos Ribeiro. A colecção paleontológica, de cerca de dez mil fósseis, é a mais numerosa. Existe ainda uma importante cartografia geológica e respectivo equipamento cartográfico. Das cartas, de diferentes tipos e escalas de representação, destacam-se os mapas em relevo do séc. XIX e XX, sendo o maior um mapa didáctico de Portugal com 6 m de comprimento.

Química

A colecção de química deriva da actividade de ensino e investigação que foram implementados após a construção do Laboratorio Chimico em 1772, edifício que representa a química do fim do séc. XVIII onde persistem vestígios de chaminés, grelhas de ventilação e um forno originais incorporados nas suas paredes. Destaca-se pela sua raridade uma colecção de fornos cerâmicos de reverbero fabricados no próprio laboratório, assim como um conjunto de sete potes de botica em faiança do fim do séc. XVIII, da fábrica de Domingos Vandelli. A colecção no seu conjunto reúne para além das raridades da química do séc. XVIII mais de mil peças maioritariamente datadas do séc. XIX e XX. Deste núcleo faz parte um conjunto de mobiliário químico de bancadas e hottes ou nichos de evaporação, e um grande número de balanças, retortas, frascos e estufas.

Zoologia

A colecção zoológica é a mais extensa e numerosa atingindo cerca de 500.000 exemplares. Contém o maior espécime de todo o espólio do museu, um esqueleto montado de baleia-comum ou rorqual-comum de 20m de comprimento, e os de menores dimensões do grupo dos insectos. A colecção de vertebrados representa 5% do total e é composta por: peles de mamíferos, aves e peixes conservadas em seco e montadas para exposição; espécimes completos de répteis, anfíbios e peixes conservados em líquido; e uma colecção osteológica de esqueletos montados e crânios. Destaca-se a colecção de aves pela representação de espécies a nível mundial, em particular de Portugal e países de expressão portuguesa associada a uma colecção de ovos e ninhos. Entre os mamíferos encontram-se exemplares únicos a nível nacional nomeadamente um exemplar de urso e um casal de cabras do Gerês, ambos extintos em Portugal. Os invertebrados representam o resto da colecção dos quais 60% são insectos e 39% são moluscos (conchas). As colecções mais importantes são as de escaravelhos (coleópteros), borboletas (lepidópteros) e conchas (moluscos). Refere-se uma curiosa colecção de borboletas exóticas nos seus armários originais, do fim do séc. XIX, doada por António Carvalho Monteiro, o filantropo da Quinta da Regaleira em Sintra.